Olá, leitores do
Labirinto de Histórias! Meu nome é Juliana, tenho 19 anos e sou a nova
integrante do blog. Neste post de estreia, trago para vocês uma resenha
completa da obra mais famosa de Tolkien, “O Senhor dos Anéis", após
realizar o desejo, há muito alimentado, de ler a trilogia.
Por ser uma resenha tripla, contém alguns spoilers,
principalmente tratando-se do segundo e terceiro livros.
Sinopse oficial
de “A Sociedade do Anel”:
Numa cidadezinha
indolente do Condado, um jovem hobbit é encarregado de uma imensa tarefa. Deve
empreender uma perigosa viagem através da Terra-média até as Fendas da Perdição,
e lá destruir o Anel do Poder - a única coisa que impede o domínio maléfico do Senhor
do Escuro. "A Sociedade do Anel" é a primeira parte da grande obra de
ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, "O Senhor dos Anéis". É
impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e o alcance do livro.
Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e diabólica, a narrativa
desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num
mundo imaginário absolutamente convincente em seu detalhes. Tolkien criou em
"O Senhor dos Anéis" uma nova mitologia, num mundo inventado que
demonstrou possuir um poder de atração atemporal.
A Sociedade do Anel. Da esquerda para a direita: Aragorn, Gandalf, Legolas e Boromir. Abaixo, os hobbits Sam, Frodo, Merry e Pippin, e o anão Gimli. |
Resenha:
“A Sociedade do
Anel” é a primeira parte da épica trilogia que conta a trajetória do hobbit
Frodo e de seu fiel amigo Sam em sua longa viagem a caminho da Montanha da
Perdição. A história se passa posteriormente aos acontecimentos de “O Hobbit”,
portanto, no início do livro há um resgate dos fatos para que os leitores não
se percam. Dessa forma, não se faz necessária a leitura prévia da aventura
anterior, apesar de muito recomendada.
Da mesma forma
que seu tio Bilbo Bolseiro foi o protagonista da aventura de “O Hobbit”, Frodo
Bolseiro se vê seguindo seus passos e se envolvendo em uma grande demanda. Tudo
começa com a partida de Bilbo do Condado, que, ao deixar para Frodo o anel que
trouxe de sua aventura passada, deixa-lhe também uma grande responsabilidade:
afinal, este não é um anel comum, e sim o Um Anel, o Anel do Poder, forjado por
Sauron, o Senhor do Escuro, há muito tempo. Além de controlar a mente e as
vontades de seu portador, o Um Anel pode controlar e dominar todos os outros
anéis mágicos e todas as raças e povos, o que daria total poder e liberdade
para Sauron.
Devido ao perigo
iminente, cabe a Frodo destruir esse objeto maligno. Isso só pode ser feito na
Montanha da Perdição, nas distantes e escuras terras de Mordor, onde a maldade
de Sauron e de seus seguidores é crescente e ameaça cada dia mais se alastrar
pela Terra-Média. Felizmente, ele não está sozinho: conta com a companhia de
seus amigos hobbits Sam, Pippin e Merry, do elfo Legolas, do anão Gimli, do
cavaleiro Boromir, do guardião Aragorn e do grande mago Gandalf. Juntos, formam
a Sociedade do Anel, cuja sabedoria guiará seus integrantes por caminhos
difíceis, onde não só sua força e sua determinação serão testadas, mas também a
sua lealdade à missão de paz que carregam.
“A Sociedade do
Anel” se revelou como o melhor livro da trilogia para mim – provavelmente
porque quebrou todos os meus preconceitos e as minhas preocupações sobre a
escrita de Tolkien. Como muitos, eu já havia ouvido muitos comentários
negativos sobre a mesma (dentre eles, o mais frequente sendo aquele que definia
Senhor dos Anéis como “chato”), e conhecia mais pessoas que haviam abandonado a
leitura, do que pessoas que a tivessem terminado.
Entretanto, este
primeiro contato se revelou muito mais fácil do que eu imaginava que seria. Em
nenhum momento me senti perdida ou entediada, já que a tensão dos
acontecimentos envolve o leitor de uma forma muito prazerosa. A linguagem,
muito descritiva e cuidadosa, pode se tornar enfadonha algumas vezes, mas logo
somos recompensados com os benefícios que uma escrita assim pode oferecer –
como, por exemplo, os desafios que são impostos à nossa imaginação.
Para os
iniciantes, e para aqueles que ainda possam estar em dúvida, eu recomendo a
leitura prévia de “O Hobbit”, cuja linguagem é bem menos rebuscada (já que ele
foi escrito para os filhos de Tolkien). Além de ser uma leitura mais tranquila,
é um ótimo começo para quem se interessa por esse tipo de ficção.
Sinopse oficial
de “As Duas Torres”:
"As Duas
Torres", segunda parte de "O Senhor dos Anéis", conta o que
sucedeu a cada um dos membros da Sociedade do Anel, depois do rompimento de sua
sociedade, até a chegada da grande Escuridão e o início da Guerra do Anel.
Resenha:
Em “As Duas
Torres”, o leitor se depara não só com a separação dos personagens, mas também,
e consequentemente, com a separação da própria história – o que pode tornar o
livro tanto “muito mais interessante”, quanto “muito mais enfadonho”. Depende
da preferência do leitor.
Como em “A
Sociedade do Anel” eu já tinha me acostumado com a história sendo contada de
forma linear, e, de certa forma, com um só ponto de vista, essa mudança fez com
que o começo de “As Duas Torres” não me prendesse tanto quanto eu imaginei que
prenderia. Contudo, nem assim o volume perde seus méritos: apesar do início um
tanto quanto pesado, não poderia haver continuação melhor para o primeiro
volume.
Devido ao
rompimento da Comitiva do Anel, no final do primeiro livro, seguimos a história
por pontos de vista diferentes, e é dessa forma que descobrimos como e onde
estão os personagens. Após serem atacados e divididos por um grande bando de
orcs, responsáveis pela morte de Boromir, os hobbits Merry e Pippin são
sequestrados. Legolas, Gimli e Aragorn, julgando que todos os hobbits haviam
sido levados, partem em perseguição aos orcs, sem saberem que Frodo e Sam
haviam fugido mais cedo em direção da Montanha da Perdição.
Simultaneamente,
os poderes de Sauron crescem mais e mais. Mesmo sem possuir o Um Anel, seus
preparativos para a guerra estão a todo vapor, e é por meio desse livro que
conseguimos sentir com mais intensidade o terror que assola a Terra-Média, e
quão grande é o poder do Senhor do Escuro. Quanto mais Frodo e Sam se aproximam
das terras de Mordor, mais sentimos o quão pesado é o fardo do Anel, além de
nos familiarizarmos mais com a luta interna que acomete Frodo com frequência.
Mais uma vez
somos apresentados a novas criaturas, e sobre as criaturas já apresentadas, há um
aprofundamento muito maior: passamos a conhecer mais sobre os diferentes grupos
de orcs e sobre os reinos, como Gondor e Rohan. Essa apresentação repentina a
mais personagens, que possuem seus próprios conflitos para serem adicionados
aos que já conhecíamos, pode parecer confusa no começo, mas Tolkien não deixa
pontas soltas.
Apesar dessas
adições, os melhores trechos acabam sendo os que mostram os personagens já
conhecidos. Há um desenrolar muito maior sobre as personalidades de cada um e
sobre as relações que construíram durante a viagem – isso pode ser muito bem
observado pela amizade entre Gimli e Legolas, que, mesmo em tempos sombrios
como estes, revela-se algo incomum e inesperado. Sam também cresce como
personagem, e o que antes parecia uma preocupação desmedida com o “Sr. Frodo”,
revela-se um amor incondicional e incontestável. E, finalmente, temos um
aprofundamento importantíssimo no que concerne à criatura Gollum, possuidora do
Anel do Poder por muitas eras, antes de Bilbo Bolseiro levá-lo – e, agora,
acompanhante e guia do Portador do Anel e de seu escudeiro.
O retorno de
Gandalf como “O Branco” tranquiliza não só os membros da Comitiva do Anel, mas
também o leitor. Sua sabedoria, somada à coragem dos que restaram da Sociedade
do Anel e aos esforços de Frodo e Sam deixam no ar uma centelha de esperança
combinada ao desejo irreprimível de começar o terceiro e último volume, “O
Retorno do Rei”.
Sinopse oficial
de “O Retorno do Rei”:
O Retorno do Rei é a
terceira parte da grande obra de ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, O
Senhor dos Anéis. É impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e
o alcance do livro. Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e
diabólica, a narrativa desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e
de personagens, num mundo imaginário absolutamente em seus detalhes. Tolkien
criou em O Senhor dos Anéis uma nova mitologia, num mundo inventado que
demonstrou possuir um poder de atração atemporal.
Resenha:
Terminar “O
Retorno do Rei” foi uma tarefa difícil – quase tanto quanto a de Frodo. Acabei
me demorando mais neste livro do que nos outros; em parte por falta de tempo,
em parte por não saber como me despedir da Terra-Média e de seu povo. O tempo,
eu acabei arranjando, mas a despedida... bom, ainda não sei como lidar com ela.
No que diz
respeito ao desenrolar dos fatos, tudo acontece em um ritmo um pouco mais
rápido devido à Guerra do Anel, o que torna o livro mais fácil de ler do que o
anterior. Há guerras e batalhas por todo o lado, e a ação não deixa a desejar.
Para os que já haviam enjoado de Mordor e de suas paisagens escuras e mórbidas
(eu mesma já não aguentava mais imaginar aquele cheiro de orc), a demanda chega
ao fim de um modo, como sempre, inesperado.
A destruição do
Anel do Poder desconstrói qualquer parâmetro que tenhamos construído desde o
primeiro livro. Desilude quem achava que Gollum deveria ter morrido por ser uma
criatura petulante, nojenta e traiçoeira. Desilude quem julgava que Sam era
apenas mais um “fardo” para Frodo carregar. E, principalmente, desilude quem
pensava que Frodo era o personagem principal.
Apesar de ser o
Portador do Anel, Frodo jamais conseguiria sozinho. Em várias situações vemos
Frodo perecendo, e o pensamento mais constante é: “Frodo teria morrido aí se
não fosse por fulano”. A lista de “fulanos” é muito grande, mas o nome que
melhor completa essa frase é o de Sam. Samwise Gamgi, o simples jardineiro do
Condado, no qual ninguém apostaria nem dez centavos no início. Acredito que nem
ele apostaria algo em si mesmo – e, mesmo assim, ele se revelou um dos personagens
mais completos com os quais eu já me deparei. Não é só sobre o seu amor por
Frodo, ou pelo seu altruísmo desmedido, mas também pelo seu crescimento como
personagem. Sam encontra suas forças e as tira de onde nem julgava possuir, e é
essa determinação que faz com que ele seja um personagem tão imprescindível
para a demanda.
Vencida a guerra
e destruído o Anel, as despedidas começam, assim como o aperto no peito do
leitor. Aragorn, o guardião da Comitiva, herdeiro do trono de Gondor, finalmente
assume seu posto, tomando a bela elfa Arwen como esposa. Da mesma forma, Faramir,
o filho do antigo regente de Gondor, casa-se com a bela Éowyn de Rohan, selando
uma união permanente entre os dois reinos. Esses acontecimentos marcam o início
de uma nova e próspera era para a Terra-Média, cujos povos finalmente
recuperaram seu rei.
A viagem dos
hobbits de volta para o Condado foi, para mim, sobretudo, triste. A cada passo,
deixava-se para trás um amigo que deveria seguir outro caminho, e tudo termina
como começa: com os quatro hobbits partindo juntos. O retorno para casa acaba
sendo mais conturbado do que eles imaginavam que seria, e revelou-se um dos
capítulos mais interessantes que eu li, já que ele não é retratado no filme.
Trata-se de “O Expurgo do Condado”.
É muito difícil
dizer adeus depois de tantas páginas, mas ver que tudo acaba bem é, no mínimo,
um consolo para o vazio que fica. A trilogia termina da mesma forma que começa:
como uma experiência divisora de águas, e não só uma leitura. Dessa forma, a
decisão de embarcar nessas 1.212 páginas não se trata só de realizar um desejo,
mas também de um desafio pessoal.
Não nego que é
necessário ser detentor de um vocabulário mais rebuscado para apreciar esses
três volumes; não são livros que você vai terminar em uma tarde, enquanto lida
com outras distrações. É necessário maturidade, atenção e comprometimento (além
de constantes visitas aos mapas da Terra-Média) para não se perder durante os
acontecimentos. São muitos nomes, muitos lugares, e muita história – tudo muito
bem intrincado, mas que pode dar um nó em uma mente que não esteja focada. Contudo,
havendo vontade de ler, tudo se resolve por si só – afinal, é impossível não se
apaixonar pelo universo Tolkeniano.
Para encerrar,
vale aqui uma curiosidade: na próxima terça-feira, dia 29 de Julho, comemoram-se
60 anos desde a primeira edição de “O Senhor dos Anéis”. Uma boa oportunidade
para iniciar ou reviver essa aventura, não?
NOTA DO LIVRO:
Título: O Senhor dos Anéis
Autor (a): J. R. R. Tolkien
Edição: 1
Editora: Martins Fontes
Ano: 2001
Páginas: 1.212
Escrito por Juliana Corrêa.
Ótima análise, e precisa nas descrições, contando com sua própria experiência da leitura. Meu desejo por ler a famosa trilogia, apenas aumentou depois de ler sua resenha!
ResponderExcluirFico muito lisonjeada pelos elogios e extremamente feliz em saber que provoquei em você maior interesse em lê-lo.
ExcluirAgradecemos a sua visita, volte sempre.
Você sempre será bem vindo!