quarta-feira, 23 de julho de 2014

Resenha: "O Senhor dos Anéis"


   Olá, leitores do Labirinto de Histórias! Meu nome é Juliana, tenho 19 anos e sou a nova integrante do blog. Neste post de estreia, trago para vocês uma resenha completa da obra mais famosa de Tolkien, “O Senhor dos Anéis", após realizar o desejo, há muito alimentado, de ler a trilogia.
Por ser uma resenha tripla, contém alguns spoilers, principalmente tratando-se do segundo e terceiro livros.

   Sinopse oficial de “A Sociedade do Anel”:

   Numa cidadezinha indolente do Condado, um jovem hobbit é encarregado de uma imensa tarefa. Deve empreender uma perigosa viagem através da Terra-média até as Fendas da Perdição, e lá destruir o Anel do Poder - a única coisa que impede o domínio maléfico do Senhor do Escuro. "A Sociedade do Anel" é a primeira parte da grande obra de ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, "O Senhor dos Anéis". É impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e o alcance do livro. Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e diabólica, a narrativa desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num mundo imaginário absolutamente convincente em seu detalhes. Tolkien criou em "O Senhor dos Anéis" uma nova mitologia, num mundo inventado que demonstrou possuir um poder de atração atemporal.


A Sociedade do Anel. Da esquerda para a direita: Aragorn, Gandalf, Legolas e Boromir. Abaixo, os hobbits Sam, Frodo, Merry e Pippin, e o anão Gimli.

   Resenha:

   “A Sociedade do Anel” é a primeira parte da épica trilogia que conta a trajetória do hobbit Frodo e de seu fiel amigo Sam em sua longa viagem a caminho da Montanha da Perdição. A história se passa posteriormente aos acontecimentos de “O Hobbit”, portanto, no início do livro há um resgate dos fatos para que os leitores não se percam. Dessa forma, não se faz necessária a leitura prévia da aventura anterior, apesar de muito recomendada.
   Da mesma forma que seu tio Bilbo Bolseiro foi o protagonista da aventura de “O Hobbit”, Frodo Bolseiro se vê seguindo seus passos e se envolvendo em uma grande demanda. Tudo começa com a partida de Bilbo do Condado, que, ao deixar para Frodo o anel que trouxe de sua aventura passada, deixa-lhe também uma grande responsabilidade: afinal, este não é um anel comum, e sim o Um Anel, o Anel do Poder, forjado por Sauron, o Senhor do Escuro, há muito tempo. Além de controlar a mente e as vontades de seu portador, o Um Anel pode controlar e dominar todos os outros anéis mágicos e todas as raças e povos, o que daria total poder e liberdade para Sauron.



  Devido ao perigo iminente, cabe a Frodo destruir esse objeto maligno. Isso só pode ser feito na Montanha da Perdição, nas distantes e escuras terras de Mordor, onde a maldade de Sauron e de seus seguidores é crescente e ameaça cada dia mais se alastrar pela Terra-Média. Felizmente, ele não está sozinho: conta com a companhia de seus amigos hobbits Sam, Pippin e Merry, do elfo Legolas, do anão Gimli, do cavaleiro Boromir, do guardião Aragorn e do grande mago Gandalf. Juntos, formam a Sociedade do Anel, cuja sabedoria guiará seus integrantes por caminhos difíceis, onde não só sua força e sua determinação serão testadas, mas também a sua lealdade à missão de paz que carregam.
   “A Sociedade do Anel” se revelou como o melhor livro da trilogia para mim – provavelmente porque quebrou todos os meus preconceitos e as minhas preocupações sobre a escrita de Tolkien. Como muitos, eu já havia ouvido muitos comentários negativos sobre a mesma (dentre eles, o mais frequente sendo aquele que definia Senhor dos Anéis como “chato”), e conhecia mais pessoas que haviam abandonado a leitura, do que pessoas que a tivessem terminado.
   Entretanto, este primeiro contato se revelou muito mais fácil do que eu imaginava que seria. Em nenhum momento me senti perdida ou entediada, já que a tensão dos acontecimentos envolve o leitor de uma forma muito prazerosa. A linguagem, muito descritiva e cuidadosa, pode se tornar enfadonha algumas vezes, mas logo somos recompensados com os benefícios que uma escrita assim pode oferecer – como, por exemplo, os desafios que são impostos à nossa imaginação.
   Para os iniciantes, e para aqueles que ainda possam estar em dúvida, eu recomendo a leitura prévia de “O Hobbit”, cuja linguagem é bem menos rebuscada (já que ele foi escrito para os filhos de Tolkien). Além de ser uma leitura mais tranquila, é um ótimo começo para quem se interessa por esse tipo de ficção.

   Sinopse oficial de “As Duas Torres”:

   "As Duas Torres", segunda parte de "O Senhor dos Anéis", conta o que sucedeu a cada um dos membros da Sociedade do Anel, depois do rompimento de sua sociedade, até a chegada da grande Escuridão e o início da Guerra do Anel. 


   Resenha:

   Em “As Duas Torres”, o leitor se depara não só com a separação dos personagens, mas também, e consequentemente, com a separação da própria história – o que pode tornar o livro tanto “muito mais interessante”, quanto “muito mais enfadonho”. Depende da preferência do leitor.
   Como em “A Sociedade do Anel” eu já tinha me acostumado com a história sendo contada de forma linear, e, de certa forma, com um só ponto de vista, essa mudança fez com que o começo de “As Duas Torres” não me prendesse tanto quanto eu imaginei que prenderia. Contudo, nem assim o volume perde seus méritos: apesar do início um tanto quanto pesado, não poderia haver continuação melhor para o primeiro volume.
   Devido ao rompimento da Comitiva do Anel, no final do primeiro livro, seguimos a história por pontos de vista diferentes, e é dessa forma que descobrimos como e onde estão os personagens. Após serem atacados e divididos por um grande bando de orcs, responsáveis pela morte de Boromir, os hobbits Merry e Pippin são sequestrados. Legolas, Gimli e Aragorn, julgando que todos os hobbits haviam sido levados, partem em perseguição aos orcs, sem saberem que Frodo e Sam haviam fugido mais cedo em direção da Montanha da Perdição.
   Simultaneamente, os poderes de Sauron crescem mais e mais. Mesmo sem possuir o Um Anel, seus preparativos para a guerra estão a todo vapor, e é por meio desse livro que conseguimos sentir com mais intensidade o terror que assola a Terra-Média, e quão grande é o poder do Senhor do Escuro. Quanto mais Frodo e Sam se aproximam das terras de Mordor, mais sentimos o quão pesado é o fardo do Anel, além de nos familiarizarmos mais com a luta interna que acomete Frodo com frequência.
   Mais uma vez somos apresentados a novas criaturas, e sobre as criaturas já apresentadas, há um aprofundamento muito maior: passamos a conhecer mais sobre os diferentes grupos de orcs e sobre os reinos, como Gondor e Rohan. Essa apresentação repentina a mais personagens, que possuem seus próprios conflitos para serem adicionados aos que já conhecíamos, pode parecer confusa no começo, mas Tolkien não deixa pontas soltas.
   Apesar dessas adições, os melhores trechos acabam sendo os que mostram os personagens já conhecidos. Há um desenrolar muito maior sobre as personalidades de cada um e sobre as relações que construíram durante a viagem – isso pode ser muito bem observado pela amizade entre Gimli e Legolas, que, mesmo em tempos sombrios como estes, revela-se algo incomum e inesperado. Sam também cresce como personagem, e o que antes parecia uma preocupação desmedida com o “Sr. Frodo”, revela-se um amor incondicional e incontestável. E, finalmente, temos um aprofundamento importantíssimo no que concerne à criatura Gollum, possuidora do Anel do Poder por muitas eras, antes de Bilbo Bolseiro levá-lo – e, agora, acompanhante e guia do Portador do Anel e de seu escudeiro.



   O retorno de Gandalf como “O Branco” tranquiliza não só os membros da Comitiva do Anel, mas também o leitor. Sua sabedoria, somada à coragem dos que restaram da Sociedade do Anel e aos esforços de Frodo e Sam deixam no ar uma centelha de esperança combinada ao desejo irreprimível de começar o terceiro e último volume, “O Retorno do Rei”.

   Sinopse oficial de “O Retorno do Rei”:

   O Retorno do Rei é a terceira parte da grande obra de ficção fantástica de J. R. R. Tolkien, O Senhor dos Anéis. É impossível transmitir ao novo leitor todas as qualidades e o alcance do livro. Alternadamente cômica, singela, épica, monstruosa e diabólica, a narrativa desenvolve-se em meio a inúmeras mudanças de cenários e de personagens, num mundo imaginário absolutamente em seus detalhes. Tolkien criou em O Senhor dos Anéis uma nova mitologia, num mundo inventado que demonstrou possuir um poder de atração atemporal.



   Resenha:

   Terminar “O Retorno do Rei” foi uma tarefa difícil – quase tanto quanto a de Frodo. Acabei me demorando mais neste livro do que nos outros; em parte por falta de tempo, em parte por não saber como me despedir da Terra-Média e de seu povo. O tempo, eu acabei arranjando, mas a despedida... bom, ainda não sei como lidar com ela.
   No que diz respeito ao desenrolar dos fatos, tudo acontece em um ritmo um pouco mais rápido devido à Guerra do Anel, o que torna o livro mais fácil de ler do que o anterior. Há guerras e batalhas por todo o lado, e a ação não deixa a desejar. Para os que já haviam enjoado de Mordor e de suas paisagens escuras e mórbidas (eu mesma já não aguentava mais imaginar aquele cheiro de orc), a demanda chega ao fim de um modo, como sempre, inesperado.
   A destruição do Anel do Poder desconstrói qualquer parâmetro que tenhamos construído desde o primeiro livro. Desilude quem achava que Gollum deveria ter morrido por ser uma criatura petulante, nojenta e traiçoeira. Desilude quem julgava que Sam era apenas mais um “fardo” para Frodo carregar. E, principalmente, desilude quem pensava que Frodo era o personagem principal.



   Apesar de ser o Portador do Anel, Frodo jamais conseguiria sozinho. Em várias situações vemos Frodo perecendo, e o pensamento mais constante é: “Frodo teria morrido aí se não fosse por fulano”. A lista de “fulanos” é muito grande, mas o nome que melhor completa essa frase é o de Sam. Samwise Gamgi, o simples jardineiro do Condado, no qual ninguém apostaria nem dez centavos no início. Acredito que nem ele apostaria algo em si mesmo – e, mesmo assim, ele se revelou um dos personagens mais completos com os quais eu já me deparei. Não é só sobre o seu amor por Frodo, ou pelo seu altruísmo desmedido, mas também pelo seu crescimento como personagem. Sam encontra suas forças e as tira de onde nem julgava possuir, e é essa determinação que faz com que ele seja um personagem tão imprescindível para a demanda.
   Vencida a guerra e destruído o Anel, as despedidas começam, assim como o aperto no peito do leitor. Aragorn, o guardião da Comitiva, herdeiro do trono de Gondor, finalmente assume seu posto, tomando a bela elfa Arwen como esposa. Da mesma forma, Faramir, o filho do antigo regente de Gondor, casa-se com a bela Éowyn de Rohan, selando uma união permanente entre os dois reinos. Esses acontecimentos marcam o início de uma nova e próspera era para a Terra-Média, cujos povos finalmente recuperaram seu rei.



   A viagem dos hobbits de volta para o Condado foi, para mim, sobretudo, triste. A cada passo, deixava-se para trás um amigo que deveria seguir outro caminho, e tudo termina como começa: com os quatro hobbits partindo juntos. O retorno para casa acaba sendo mais conturbado do que eles imaginavam que seria, e revelou-se um dos capítulos mais interessantes que eu li, já que ele não é retratado no filme. Trata-se de “O Expurgo do Condado”.
   É muito difícil dizer adeus depois de tantas páginas, mas ver que tudo acaba bem é, no mínimo, um consolo para o vazio que fica. A trilogia termina da mesma forma que começa: como uma experiência divisora de águas, e não só uma leitura. Dessa forma, a decisão de embarcar nessas 1.212 páginas não se trata só de realizar um desejo, mas também de um desafio pessoal.
   Não nego que é necessário ser detentor de um vocabulário mais rebuscado para apreciar esses três volumes; não são livros que você vai terminar em uma tarde, enquanto lida com outras distrações. É necessário maturidade, atenção e comprometimento (além de constantes visitas aos mapas da Terra-Média) para não se perder durante os acontecimentos. São muitos nomes, muitos lugares, e muita história – tudo muito bem intrincado, mas que pode dar um nó em uma mente que não esteja focada. Contudo, havendo vontade de ler, tudo se resolve por si só – afinal, é impossível não se apaixonar pelo universo Tolkeniano.

   Para encerrar, vale aqui uma curiosidade: na próxima terça-feira, dia 29 de Julho, comemoram-se 60 anos desde a primeira edição de “O Senhor dos Anéis”. Uma boa oportunidade para iniciar ou reviver essa aventura, não?

   NOTA DO LIVRO:
Título: O Senhor dos Anéis

Autor (a): J. R. R. Tolkien
Edição: 1
Editora: Martins Fontes
Ano: 2001
Páginas: 1.212
Escrito por Juliana Corrêa.

2 comentários:

  1. Ótima análise, e precisa nas descrições, contando com sua própria experiência da leitura. Meu desejo por ler a famosa trilogia, apenas aumentou depois de ler sua resenha!

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    1. Fico muito lisonjeada pelos elogios e extremamente feliz em saber que provoquei em você maior interesse em lê-lo.

      Agradecemos a sua visita, volte sempre.
      Você sempre será bem vindo!

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